segunda-feira, janeiro 29, 2007

REFERENDO SOBRE O ABORTO


O que eu sei...
Sei que nunca o faria... não faz parte da minha forma de estar na vida, não concebo a ideia de fazer uma escolha dessas...
Sei que por muitas dificuldades que passasse, por muito que não o desejasse, era um filho meu, uma responsabilidade minha...
Sei que é uma vida, e cada um interpreta da forma que quiser se o é ou não realmente, se é que é viável semelhante discussão...
Sei que mesmo não sendo liberalizado continuarão mulheres a abortar todos os dias, pondo em risco a vida delas e dando a ganhar dinheiro sujo a quem faz disso um modo de vida...
Sei que muitas não terão hipotese de voltar a ter um filho porque os danos são irreversiveis...
Sei, que mais do que despenalizar o aborto se procura liberalizar... com o referendo de 11 de Fevereiro...
Posso até concordar...
Que seja um direito da mulher, escolher o que acha melhor para o seu filho, (embora não concorde que a melhor solução seja o aborto)...
Que seja um direito da mulher decidir o que quer fazer com o seu corpo...
Que a lei pune essa escolha da mulher de uma forma muito violenta, porque é violento pensar que se condena a prisão a mulher que o pratica...
Concordo, sem dúvida alguma, que muitas crianças nascem sem futuro, ou pelo menos com um destino muito negro, porque quem os gera não os quer...
Mas para mim...
Falar em liberalizar o aborto, quando fecham maternidades pelo país e se pensa dar assistência nos hospitais públicos, colocar o interesse da mulher em desfavor da vida de um ser que ali começa ... não faz muito sentido...
A questão seria mais o que deveria prever a lei para penalizar aqueles que não a cumprem, se a que existe é violenta....
Falar em aborto quando uma amiga me diz que o que a mais marcou na sua primeira ecografia (9 semanas ), foi a intensidade e o som da batida daquele coraçãozinho, pequenino... que já bate dentro dela... bem sei que me poderão dizer que aquele ser ainda não está formado, que ainda não é independente, e não o será senão, não precisaria de 9 meses sob protecção da mãe...
Falar em aborto, quando vejo uma ecografia de 13 semanas em que se nota perfeitamente um novo ser, uma nova vida...
O que farei...
Não sei... até há bem pouco tempo pensei em não ir sequer dar a minha opinião, porque eu sei que não o faria, mas quem sou eu para julgar os outros....
Depois... acertei comigo mesma que iria votar, o quê? ainda não sabia, nem que fosse em branco...
Mais tarde pensei que o melhor era mesmo deixar que se liberaliza-se o aborto, votar Sim e esperar que a educação e socialmente se interviesse de forma a reduzir a procura desta forma de resolver as coisas...
Mas agora voltei ao momento de ir votar, nem que seja em branco... a tendência para o não é muito forte... não julgo que a pergunta seja a mais adequada e que a despenalização vá resolver muita coisa...
Não me sinto capaz, como mulher, de dizer SIM, totalmente e em consciência... mas não me sinto ninguém para julgar os outros e responder um NÃO total e definitivo...
Mas, e embora o relógio biológico ainda não tenha ligado, anseio ser mãe e pela envolvente destes últimos tempos... a tendência se tivesse de ser um SIM ou um NÃO definitivo...
Assumo seria um NÃO...
Neste momento é um voto nulo... nos próximos dias a consciência ajudará a simplificar ou complicar... não sei...
Chamem-lhe indecisão, insegurança... não sei mesmo... o voto nulo não resolve nada, mas se o voto tem de ser em consciência... se não concordo plenamente com o Sim ou com o Não, que outra hipótese terei eu...
Assunto polémico este... e dificil de abordar...

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